Atualizado: 21 de jul. de 2020
A subida do nivel do mar é uma das maiores ameaças às zonas costeiras do mundo. No Brasil uma das áreas que serão afetadas é a região norte-nordeste (veja esta postagem). Um estudo publicado na Science de autoria de Shepherd e colaboradores combinando medidas de altimetria, interferometria gravimetria feita por satélites, determinou que entre 1992 e 2011 cerca de 4 trilhões de toneladas de gelo já derreteram na Groenlândia e Antártica, o que teria causado uma subida do nível do mar da ordem de 11mm.
Mudanças cumulativas na massa de gelo (eixo esquerdo) e nível do mar global equivalente (eixo direito) assumindo que 360Gt de gelo correspondem a 1mm de subida no nível do mar (Shepherd et al 2012)
O jornal The Guardian disponibilizou ontem um clip de um documentário de com a participação do fotógrafo James Balog intitulado “Chasing Ice“, premiado no Sundance Film Festival de 2012. O clip mostra a liberação de 7.4 km cúbicos de gelo da geleira Ilulissat na Groenlândia.
James Balog cerca de 03 anos atrás apresentou uma palestra muito interessante no TED talks sobre o seu trabalho no projeto Extreme Ice Survey documentando o recuo e a diminuição do gelo no Alasca, Groenlândia e Islândia (veja abaixo):
A contribuição das fontes glaciais para a subida do nivel do mar tem acelerado durante a primeira década do século 21. Esta contribuição entretanto não é uniforme devido a efeitos oceanográficos e gravitacionais. Bamber & Riva (2010) calcularam a assinatura dos fluxos das massa de gelo no comportamento do nivel do mar, decorrentes de mudanças no campo gravitacional, na rotação da terra e de outros efeitos relacionados, para o periodo 2000-2008. A região mais sensível à uma subida do nível do mar decorrente da perda de massa nos lençois de gelo é justamente a região tropical como mostra a figura abaixo. Este padrão é invariante no tempo e acumulativo. Desta forma a subida do nivel do mar baseada nos efeitos gravitacionais decorrentes da perda das massas de gelo, serão amplificadas na região tropical. No caso particular da região nordeste do Brasil, este aspecto é preocupante pois esta é uma costa faminta, que recebe um aporte reduzido de sedimentos fluviais, já sujeita a erosão severa, e onde se verifica uma das maiores densidades populacionais da zona costeira do Brasil. Os trabalhos a serem desenvolvidos pelo GT1.1 (Respostas da Linha de Costa) do inctAmbTropic deverão contribuir para a compreensão do processo e mitigacão da erosão costeia nesta região extremamente vulnerável.
Variação do nível relativo do mar decorrente da perda de massa dos lençois de gelo, para o periodo 2000-2008. A linha verde indica a média global para o mesmo periodo. Vê-se portanto que a região tropical será a mais afetada (Bamber & Riva 2010)
Bamber, J., & Riva, R. (2010). The sea level fingerprint of recent ice mass fluxes. The Cryosphere, 4(4), 621–627. doi:10.5194/ tc-4-621-2010
O GT1.1 (Respostas da Linha de Costa) do inctAmbTropic, coordenado pelos professores Eduardo Siegle (USP) e Tereza Araújo (UFPE) deu inicio aos seus trabalhos de campo no Atol das Rocas. A doutoranda Mirella Costa do IO/USP (http://ldc.io.usp.br) desembarcou no dia 28 de outubro de 2012 no Atol das Rocas para início das atividades de campo. O desembarque ocorreu apenas três dias após a chegada na região do atol, em decorrência de um “swell” de norte com período de 18 s.
A foto mostra uma visão da equipe que aguardava em terra, o desembarque do pessoal
O trabalho da Mirella no atol inclui o fundeio de dois ADCP’s (nas áreas externa e interna do atol) além de levantamentos morfológicos diários com DGPS, experimentos de espraiamento, levantamento batimétrico, etc. Espera-se com o experimento avaliar a dinâmica das praias do atol e a modulação das ondas pela maré. Esta primeira etapa de trabalho terá duração de um mês e será repetida no ano de 2013.