Os pesquisadores componentes do Grupo de Trabalho – Recifes e Ecossistemas Coralinos do inctAmbTropic elaboraram um Protocolo Mínimo de Campo para avaliar as condições dos recifes e ecossistemas coralinos das regiões nordeste e leste do Brasil. Este protocolo inclui os pontos em comum entre todas as técnicas utilizadas no Brasil e permite, doravante, a avaliação regional padronizada dos recifes do oceano Atlântico Sul Ocidental. Ele atende os objetivos da ReBentos que deva ser um procedimento de fácil execução e baixo custo, apresentando recomendações de amostragem que possam ser executadas nas áreas recifais do Brasil por pesquisadores familiarizados com o ecossistema recifal e que possa captar alterações ocasionadas pelas mudanças climáticas.
A – Mergulhador anota dados sobre planilha fixada em placa de PVC, modelo retangular. B – Mergulhadora usando como base para fixar a planilha um tubo de PVC fixado no braço. Fonte da fotografia B: C.Elliff.
O objetivo do protocolo é, portanto, a avaliação da vulnerabilidade, resistência e resiliência dos recifes e dos ecossistemas coralinos do Brasil face aos impactos antrópicos e às mudanças climáticas. Ele irá comparar as variações espaço-temporais observadas nos recifes ao longo de toda a costa tropical do Brasil. Em uma etapa inicial foram padronizados os métodos que estavam sendo utilizados por diversos pesquisadores, para que fossem estabelecidas metas de comparação para avaliar seus resultados face às diferentes situações e questões enfrentadas. Avaliando os efeitos das mudanças climáticas globais e dos impactos antrópicos sobre os organismos e suas interações nos ecossistemas recifais da plataforma continental e das ilhas oceânicas, nós poderemos determinar e entender a capacidade desses ecossistemas de suportar e de se recuperar de distúrbios com diferentes graus de intensidade, considerando a heterogeneidade espacial caracterizada pelas diferenças morfológicas, estruturais e composicionais dos recifes, assim como o estado da “saúde” dos sistemas protegidos e daqueles mais expostos às ameaças.
A. Quadrado de 25 cm X 25 cm construido com tubos de PVC para coleta dos dados de recrutas de coral. B – Os quadrados devem ser lançados ao longo dos transectos e os dados anotados no formulário de campo ilustrado na Tabela 1. Fonte da Figura A – Lang et al. 2010, AGRRA Protocol versão 5.4, da Figura B – A. Bertoncini.
Pretende-se, no mínimo, realizar um levantamento anual durante ou logo após o período do verão (março, abril ou maio). Em caso de ocorrência de um evento de branqueamento forte de coral, que geralmente coincide com o período do verão, é conveniente que haja retorno aos locais amostrados após cerca de seis a oito meses para verificar se houve mortalidade das colônias branqueadas.
Utilize este link para download: MONITORAMENTO DOS RECIFES E ECOSSISTEMAS CORALINOS
Atualizado: 27 de ago. de 2020
Os GTs 2.1 Geodiversidade e Biodiversidade dos Substratos Plataformais e 3.2 Ciclos Biogeoquímicos, Fluxo de CO2 e Acidificação do Oceano Atlântico Tropical, publicaram recentemente dois trabalhos em periódicos conceituados, listado abaixo:
Mapa batimétrico mostrando as principais falhas perfis batimétricos e sísmicos: (a) —Coroa das Lavadeiras b—arenitos de praia, c—Campo de dunes subaquosas de Guamaré, d— Coroa Branca, e—Vale Inciso do Açu, f— Vale Inciso do Apodi; (B) Compartimentos batimétricos da platform continental. Principais falhas: 1—Afonso Bezerra; 2—Carnaubais; 3—Macau; 4—Ubarana; 5—Pescada; 6—Shelf Edge Faults; 7—Areia Branca.
Resumo:
The primary objective of this study is to assess the control of faults of the rift and post-rift stages on the shelf morphology of the Potiguar Basin in northeastern Brazil. This aborted rift basin was generated during the opening of the Equatorial Atlantic in the Aptian. The offshore portion of the continental margin consists of a narrow (~ 40 km) and shallow (~ 70 m below present sea-level) continental shelf with a very steep continental slope (1:11). Our dataset encompasses gravity, bathymetric, shallow seismic and structural data. The results indicate that low sedimentation rates during the Quaternary period contributed to the identification of structural controls in pre-Holocene rocks. The key evidence for fault reactivation on the seafloor is the link between coastal and shelf features associated with pre-Cenozoic structures of the Potiguar Basin. During periods of low sea level, the incision of shelf valleys was readjusted longitudinally and transversally due to the structural controls. Shelf gradient breaks are associated with the occurrences of coplanar ESE– WNW-oriented faults, and uplifted and subsided areas occur in between these fault systems. The results indicate a strong correlation between the margin geometry, modern shelf surface, near-surface expression, and the rift-phase faults, which appear to be reactivated in concordance with the present-day margin stress field. We conclude that neotectonics has influenced both the sediment deposition and morphology of the NE Brazilian Equatorial margin during Quaternary times.
Mudança na SST (°C) e PWS (m2/s2) durante 1964–1975 (a) and 1976–2012 (b). Os contornos em magenta indicam 95% do teste de confidência de Mann– Kendall para a SST; apenas os vetores PWS significativos de acordo com 95% do teste de confidência de Mann–Kendall estão plotados.
Resumo:
A homogeneous monthly data set of sea surface temperature (SST) and pseudo wind stress based on in situ observations is used to investigate the climatic trends over the tropical Atlantic during the last five decades (1964–2012). After a decrease of SST by about 1 °C during 1964–1975, most apparent in the northern tropical region, the entire tropical basin warmed up. That warming was the most substantial ([1 °C) in the eastern tropical ocean and in the longitudinal band of the intertropical convergence zone. Surprisingly, the trade wind system also strengthened over the period 1964–2012. Complementary information extracted from other observational data sources confirms the simultaneity of SST warming and the strengthening of the surface winds. Examining data sets of surface heat flux during the last few decades for the same region, we find that the SST warming was not a consequence of atmospheric heat flux forcing. Conversely, we suggest that long- term SST warming drives changes in atmosphere parameters at the sea surface, most notably an increase in latent heat flux, and that an acceleration of the hydrological cycle induces a strengthening of the trade winds and an acceleration of the Hadley circulation. These trends are also accompanied by rising sea levels and upper ocean heat content over similar multi-decadal time scales in the tropical Atlantic. Though more work is needed to fully understand these long term trends, especially what happens from the mid-1970’s, it is likely that changes in ocean circulation involving some combination of the Atlantic meridional overtuning circulation and the subtropical cells are required to explain the observations.
Atualizado: 27 de ago. de 2020
O GT1.1 Respostas da Linha de Costa do inctAmbTropic publicou recentemente o artigo “Potencial de Prejuízos Econômicos em Função da Densidade de Urbanização e da Sensibilidade à Erosão Costeira na Costa do Cacau – Bahia”.
A Costa do Cacau inclui importantes cidades turísticas do litoral baiano incluindo Itacaré, Ilhéus, Olivença e Canavieiras e apresenta diversos trechos que experimentam erosão severa em alguns casos, desencadeada por intervenções humanas (e.g. Porto de Ilhéus).
Diferentes níveis de sensibilidade à erosão (A), de densidade de urbanização (B) e de potencial de prejuízos econômicos (C) por ocupação urbana à beira-mar na Costa do Cacau.
Enrocamento protegendo residências da ação erosiva das ondas na praia de São Domingos
Resumo
O presente trabalho trata da avaliação do potencial de prejuízos econômicos em função da densidade de urbanização por construções fixas à beira-mar e da sensibilidade à erosão na Costa do Cacau, Bahia. Constatou-se que 48,78% da região à beira-mar apresentam um potencial baixo de prejuízos econômicos face à erosão costeira, o que é encontrado em situações de linha de costa a) em equilíbrio e com densidade de urbanização baixa, e b) em progradação e com densidade de urbanização baixa; 26,22%, um potencial médio, em situações de linha de costa a) próximas a desembocadura fluvial e com baixa densidade de urbanização, b) submetida à erosão e com baixa densidade de urbanização, e c) em equilíbrio e com densidade de urbanização média; 22,56%, um potencial alto, em situações de linha de costa a) em equilíbrio e com alta densidade de urbanização, e b) com déficit crônico de sedimentos e focos de convergência de onda aliados a uma densidade baixa de urbanização; e 2,44%, um potencial muito alto, correspondendo a um único trecho de linha de costa submetido à erosão e com alta densidade de urbanização. Os diferentes níveis potenciais de prejuízos econômicos, aqui expressos, traduzem apenas o panorama atual das densidades de urbanização ao longo da região de beira-mar. Tal cenário poderá ser agravado, caso venham a ser mantidas as perspectivas de crescente ocupação humana na região, via de regra conduzida desconhecendo-se a dinâmica costeira local e pelas normas estabelecidas para o desenvolvimento urbano costeiro. Por fim, em que pese as incertezas relacionadas a) ao método utilizado para estimar as densidades de urbanização e b) ao desconhecimento da tendência, se de curto ou longo prazo, do comportamento da linha de costa em relação à erosão, os resultados alcançados, embora de natureza preliminar, apresentam cenários que poderão ser úteis para o gerenciamento costeiro da Costa do Cacau.Acesso ao arquivo completo (clique)
Referência completa: Nascimento, , Bittencourt, ACSP, Santos, AN, Dominguez, JML 2013. Potencial de Prejuízos Econômicos em Função da Densidade de Urbanização e da Sensibilidade à Erosão Costeira na Costa do Cacau – Bahia. Revista Brasileira de Geomorfologia v14 (4): 261-270.